É bem possível que você já tenha visto alguns programas de televisão em que se realiza um jogo do tipo perguntas e respostas.
Nesse tipo de jogo, o apresentador do programa faz várias perguntas de conhecimentos gerais e o objetivo dos participantes é acertar essas perguntas, uma após a outra.
Na medida que o participante vai acertando as perguntas, ele ganha uma determinada quantia de dinheiro.
Ao final do jogo, se o participante continuar respondendo corretamente às perguntas, ele pode chegar na última pergunta.
Se ele acertar essa última pergunta, muito difícil, ganhará um prêmio máximo em dinheiro, que normalmente é “um milhão” (a moeda pode mudar de país para país, mas em geral o valor é esse: um milhão).
Existe até mesmo um filme, chamado “Quem quer ser um milionário” e lançado em 2008, que trata exatamente disso.
Você já deve ter visto ou ouvido falar desse filme, não é?
Depois da popularização desses jogos, é comum que, quando nos deparamos com perguntas difíceis ou cujas respostas são complexas, chamemos essas perguntas de “perguntas de um milhão”.
Essas perguntas existem em qualquer área de atuação e, assim, também ocorrem na atividade pecuária com base em pastagens.
Alguns exemplos de perguntas desse tipo são:
Qual o melhor capim?
Qual a melhor raça de bovinos de corte?
Qual o melhor método de lotação: “pastejo contínuo” ou pastejo rotativo?
O que compensa mais: suplementar ou adubar?
Essas questões, em geral, se referem aos fatores que o homem pode controlar e que tem fortes impactos na produtividade do sistema de produção a pasto. Por isso, é natural que o pecuarista queira saber sobre esses assuntos.
Além disso, essas perguntas, aparentemente simples, têm respostas complexas. Motivo: essas respostas têm que ser contextualizadas, isto é, têm que ser dadas de acordo com outros fatores, outras características e também com o perfil do sistema de produção.
Por exemplo, para a pergunta “qual o melhor capim?”, não há como respondê-la sem, antes, conhecer o clima, o tipo de solo, a espécie e categoria de animal que será criada, o método de lotação (“pastejo contínuo” ou pastejo rotativo) que será usado e o objetivo do pecuarista.
Do mesmo modo, a resposta da questão “qual o melhor método de lotação: “pastejo contínuo” ou pastejo rotativo?” também exige que se conheça outros fatores, como tipo de capim que será manejado, nível tecnológico da pastagem (intensiva ou extensiva) e qualificação da mão-de-obra.
Perceba que não há uma única resposta certa. Cada caso será um caso diferente.
Em outras palavras: como cada sistema de produção é único e com características específicas, então, a resposta para uma “pergunta de um milhão” também não poderá ser generalizada.
Quando explicamos isso ao pecuarista, em geral, ele fica frustrado, porque é natural do ser humano querer controlar e simplificar os processos. E, de fato, sempre que possível, devemos buscar ser simples.
Também é natural que o ser humano queira respostas curtas e rápidas. E parece que esse imediatismo está se intensificando cada vez mais nos tempos atuais.
Mas, nos casos dessas questões de “um milhão”, uma simplificação, generalização ou rapidez nas respostas certamente acarretará em erros de recomendações, o que tem efeitos negativos e pode gerar prejuízos com a produção animal a pasto.
Então, ao conversar com o pecuarista sobre essas questões, é preciso ter a paciência de:
Responder o que ele quer e, acima de tudo, explicar o que ele precisa.
Primeiramente, será necessário explicar o que ele precisa saber para obter a resposta certa. E isso pode demorar um pouco. Mas é fundamental, para que ele aprenda sobre as variáveis e os processos envolvidos na sua tomada de decisão.
Com essa explicação, o pecuarista passa a ter condições de fazer uma análise mais crítica e correta. Ela passa a analisar em conjunto várias informações e obtém conhecimento.
Conhecimento é a base para a correta tomada de decisão.
Apenas após as explicações, que devem ser contextualizadas ao seu sistema de produção, e depois da construção de um certo nível de conhecimento técnico, é que a resposta certa para o que o pecuarista deseja pode ser dada.
Seguindo essa filosofia de abordagem dos temas técnicos junto ao pecuarista, ele perceberá que as respostas para “perguntas de um milhão” na pecuária a pasto será “DEPENDE”.
Responder “DEPENDE” significa compreender a complexidade do sistema de produção animal a pasto, bem como reconhecer que cada sistema produtivo é único e, portanto, exige análises e respostas específicas, mesmo que isso, muitas das vezes, não agrade ao pecuarista imediatista.
Até uma próxima!