Livraria Bom de Pasto

O Ciclo dos Capins

O ciclo dos capins pode ser entendido como um processo que se repete de tempos em tempos, onde o pecuarista realiza a troca ou a mudança de capins nas áreas de pastagens.

Os pecuaristas substituem os capins antigos por capins novos, numa tentativa de restabelecer os índices produtivos da sua pastagem, que perdeu produtividade nos últimos anos.

Na atualidade, constata-se que boa parte do pecuarista brasileiro tem especial interesse em usar em sua propriedade os capins lançados recentemente no mercado e que, por isso, ocupam maior espaço nos meios de divulgação, como a TV e a internet, com suas redes sociais.

Diante desse cenário, faz sentido perguntar: “O capim que o pecuarista já tem em sua pastagem é ruim? O novo capim, recém-lançado no mercado, é melhor ou superior?

Infelizmente, muitos pecuaristas ainda não têm informações corretas sobre os capins. E, por não conhecerem bem os capins, acabam substituindo, sem critérios ou sem o respaldo técnico adequado, seus capins de tempos em tempos. Para estes pecuaristas, de fato, o “ciclo dos capins” ainda é uma triste realidade.

O ponto-chave para interromper esse ciclo vicioso de troca frequente e indiscriminada de capins, devido à baixa produtividade das pastagens, é informar e conscientizar a todos que trabalham com a atividade pecuária, principalmente os pecuaristas, que a simples substituição do capim no sistema de produção não garante a lucratividade final, caso outras ações de manejo não sejam empregadas ao mesmo tempo.

O sistema de produção a pasto é complexo e dinâmico, com vários componentes (solo, planta, animal, microrganismos, atmosfera, homem) que interagem entre si; e também com a necessidade de que várias etapas interdependentes (crescimento do pasto, pastejo e conversão do pasto em produto animal) ocorram para obtenção do produto final a ser comercializado.

Diante deste sistema de produção complexo, é uma ilusão achar que somente uma única ação técnica, como a troca de capins, irá solucionar o problema da baixa produção animal em pastagem.

 

 Então, a raiz do problema do “ciclo dos capins” é a falta de conhecimento sobre as características dos capins, sobre como “funciona” o sistema de produção animal a pasto e sobre como deve ser feito o correto manejo das pastagens.

Somado à falta de conhecimentos, na atualidade ainda temos que lidar com muitas informações falsas ou sem comprovação científica, que são rapidamente difundidas pela internet.

A escassez de conhecimento resulta em um manejo errado do capim no sistema de produção. Com isso, o pasto diminui o seu vigor e a sua produção de forragem, resultando em degradação da pastagem. Acreditando na existência de um capim milagroso, muitos pecuaristas ainda substituem os seus capins por um capim mais novo. No entanto, novamente, muitas dessas “forrageiras atuais” ou recém lançadas no mercado são utilizadas sem o devido conhecimento de suas características, o que é necessário para o seu adequado manejo. Dessa forma, o “ciclo dos capins” se instaura

Por outro lado, com adequado conhecimento sobre o correto manejo dos capins e das pastagens, os capins podem ser manejados corretamente. Como consequência, as pastagens se mantêm produtivas e não degradam ao longo do tempo. Assim, não há razão ou estímulo para o pecuarista substituir seu capim por outros, tidos como “superiores” ou “melhores” ou “milagrosos” e, portanto, o “ciclo dos capins” acaba.

Pense nisso!

Manoel Eduardo Rozalino Santos

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