Livraria Bom de Pasto

O olho do Dono Engorda o Gado?

1 Texto extraído do livro “O CONTROLE DO PASTO ENGORDA O GADO”. Para maiores informações ACESSE O SITE.

 

 

Dentre os vários ditados populares, um dos mais conhecidos no Brasil é aquele que diz: “O olho do dono é que engorda o gado”. Provavelmente, você já deve ter ouvido falar isso, não é?

Penso que esse ditado popular é frequentemente usado para passar a mensagem de que, quando o dono está presente, no dia-a-dia, os resultados de seu negócio ou de sua atividade econômica são melhores, isto é, são mais rentáveis.

Isso poderia acontecer, porque a influência ou a presença do dono no negócio poderia gerar diversas vantagens ou benefícios. Por exemplo, o dono poderia observar e fiscalizar melhor os seus funcionários que, assim, trabalhariam de modo mais eficiente, com menores perdas de tempo e de insumos.  Além disso, a presença do dono, trabalhando junto no negócio, também poderia motivar mais os seus funcionários, o que, com efeito, geraria maior produtividade.

O ditado popular “o olho do dono é que engorda o gado” traz consigo uma relação de causa e efeito: se o dono estiver presente, terá como consequência melhores resultados (“gado gordo”). Mas será que a simples presença do dono é a real causa dos melhores resultados na atividade econômica, como a produção de carne ou de leite em pasto?

Acredito que não. Primeiramente, existem (infelizmente!) muitas propriedades rurais, de pecuária de corte ou de leite, em que o dono é quem conduz as atividades e, mesmo assim, os resultados econômicos não são bons. Inclusive, já teve muito pecuarista que “quebrou” ou faliu em seu negócio, mesmo sendo ele a pessoa que estava no comando da atividade. Por outro lado, há propriedades rurais nas quais o pecuarista não está presente no dia-a-dia e, ainda assim, a produção de carne ou de leite em pasto vai muito bem.

O que faz a produção animal em pasto “dar certo” é a correta e eficiente gestão do processo produtivo, que pode ser feita ou não pelo dono da fazenda.

Gerenciar com maestria a produção animal em pasto significa ter uma pessoa competente para administrar ou controlar os processos, os recursos e as pessoas envolvidas com a produção de carne ou de leite, para se alcançar o objetivo final: sustentabilidade da pecuária em pasto.

É necessário que o gerente tenha as habilidades técnicas e comportamentais para tomar as melhores decisões. E certamente uma das habilidades do bom gerente é a humildade, ou seja, ele tem que ter a consciência de saber que não sabe tudo. A humildade gera uma atitude de busca ou curiosidade por informações e conhecimentos.

Na busca por conhecimento, o bom gerente irá compreender que tem que controlar, na medida do possível, os processos ou as etapas que resultam na produção animal em pasto. Esses processos são: 1°) o capim tem que crescer; 2°) o capim tem que ser consumido pelo animal em pastejo; 3°) “dentro do boi”, o capim tem que ser convertido em carne ou leite. Dentre esses três processos, aquele que gera mais efeitos no sistema de produção, sem normalmente resultar em aumentos significativas dos custos, é o controle da colheita do pasto pelos animais em pastejo.

Por isso, o manejo do pastejo deve ser a prioridade, pois é a intervenção técnica que gera a melhor relação custo/benefício no sistema produtivo.

Uma das formas eficazes para realizar o manejo do pastejo é com base no controle da altura do pasto. Esse é um critério que já foi bastante testado pela ciência e seus resultados se mostraram adequados. Com o correto controle da altura do pasto, você terá condições de aumentar o desempenho dos animais e a produção de carne ou de leite por área da pastagem.

Por essa razão, acredito que aquele ditado popular que apresentei logo no início deste texto deve ser modificado de “o olho do dono é que engorda o gado” para:

“O OLHO DO GERENTE DA PASTAGEM CONTROLA O PASTO, O QUE ENGORDA O GADO”.

E para controlar o pasto, através do manejo do pastejo, em grande parte das situações, não é preciso gastar ou investir nenhum dinheiro a mais no sistema de produção. Quem não gostaria disso: fazer alguma coisa que não implique em “gastar mais dinheiro” e que, ainda por cima, gere mais receita?

Pois é, com o manejo do pastejo feito de forma adequada, isso é possível! Realmente, para realizar um bom manejo do pastejo, na maioria das vezes, é necessário apenas buscar as informações e usá-las para intervir e controlar os processos (crescimento, consumo e conversão do pasto) que ocorrem na pastagem.

Até uma próxima!

Manoel Eduardo Rozalino Santos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *