Por que fazer a amostragem do solo?
A amostragem de solo é fundamental para se conhecer a fertilidade do solo e calcular a quantidade de adubos necessários para atingir determinada produção de forragem na pastagem.
A correta recomendação de adubos e corretivos proporciona o suprimento das exigências nutricionais do capim, evitando deficiências ou excessos de nutrientes, ambos prejudiciais; além de evitar impactos econômicos negativos e danos ambientais.
Mas essa adequada recomendação de adubos e corretivos só pode ser realizada se o pecuarista tiver nas mãos o resultado da análise de solo, que deve ser feita em uma amostra de solo que seja representativa da pastagem a ser adubada.
Se uma amostragem incorreta de solo for feita, ela não será representativa da área a ser adubada. Dessa forma, a amostra e a análise do solo não terão serventia e, pelo contrário, até atrapalharão o programa de melhoria da fertilidade do solo da pastagem
Como fazer a amostragem do solo?
O primeiro passo para fazer uma amostragem de solo bem feita é identificar as pastagens homogêneas na propriedade rural e, até mesmo dentro de uma mesma pastagem. Estas áreas devem ter características semelhantes, como mesmo tipo (textura, cor, drenagem de água) de solo, mesmo capim, mesmo relevo, mesmo histórico de uso e de manejo, etc (Figura 1).
Área 1: pastagem intensiva, com capim-tanzânia adubado e irrigado; Área 2: pastagem com capim-tanzânia adubado, mas não irrigado; Área 3: pastagem com capim-braquiarão formada recentemente; Área 4: pastagem extensiva com capim-braquiarinha; Área 5: pastagem com capim-braquiarão formada há 10 anos.
Figura 1 – Exemplo da divisão das áreas de pastagens homogêneas em uma propriedade rural.
Depois, desta pastagem homogênea ou de cada área homogênea dentro da mesma pastagem, deve-se colher 20 a 30 amostras simples, utilizando vários tipos de ferramentas, como trados, cavadeiras e furadeiras (Figura 2).
Figura 2 – Amostragem do solo da pastagem com o uso do trado holandês.
A amostra simples corresponde ao volume de solo coletado em um único ponto da área de pastagem homogênea (Figura 3).
Figura 3 – Amostra simples do solo da pastagem colhida em um único ponto da área.
Durante o procedimento de coleta das amostras simples, deve-se realizar um caminhamento em zigue-zague na área, para que as amostras sejam coletadas de forma uniforme na área de pastagem homogênea.
Em cada ponto em que será colhida a amostra simples, a superfície do solo deve ser limpa, retirando-se apenas a serrapilheira, que é uma camada de restos vegetais caídos sobre a superfície do solo (figura 4). Atenção: neste processo de limpeza, não é necessário remover a camada superficial de terra!
Figura 4 – Limpeza da superfície do solo para a colheita da amostra simples do solo.
Os pontos em que serão coletadas as amostras simples também não devem estar próximos de cupinzeiros ou formigueiros; fezes dos animais; corredores onde o gado transita constantemente; áreas de descanso (malhadouros); bebedouros; cochos de fornecimento de suplementos alimentares; árvores vivas; e tocos ou troncos de árvores caídas na pastagem.
Posteriormente, em cada ponto de amostragem, deve-se recolher o mesmo volume de terra, para que todas as amostras simples tenham tamanhos bem semelhantes.
A camada de solo a ser amostrada é aquela desde a superfície do solo até 20 cm de profundidade, para o caso de se querer fazer a adubação em uma área de pastagem que será formada ou renovada, com o preparo convencional do solo, isto é, com aração e gradagem.
Em pastagens já estabelecidas e também naquelas em que a formação ocorrerá com a técnica de plantio direto, pode-se colher as amostras simples na profundidade de 0 a 10 cm.
Nas pastagens com capins mais robustos ou de porte alto, como as cultivares de capim-elefante (Pennisetum purpureum) e algumas de Panicum maximum (tobiatã, paredão, mombaça, etc.), é recomendável colher amostras mais profundas, de 0 a 30 cm, quando a pastagem for formada.
Além destas amostras de solo da camada superficial, também é recomendável analisar o solo em maior profundidade, antes da semeadura ou plantio do capim, bem como a cada três anos após a formação da pastagem. Para essa finalidade, deve-se coletar amostras de solo na camada subsuperficial, como de 10 a 30 cm ou de 20 a 40 cm de profundidade. Essa amostragem da camada subsuperficial é necessária para tomar a decisão sobre a necessidade de aplicação de gesso agrícola (gessagem).
Deve-se evitar o uso de baldes ou recipientes de alumínio ou de ferro para acondicionar as amostras simples, para evitar a contaminação da amostra de solo com esses minerais. Dessa forma, recomenda-se a utilização de recipientes de plásticos devidamente limpos (Figura 5).
Figura 5 – Balde de plástico utilizado para a condicionar as amostras simples de solo.
Ao final da coleta, as amostras simples de solo de cada profundidade, isoladamente, devem ser destorroadas e bem misturadas (Figura 6). Do volume total de terra, deve-se retirar uma amostra composta de aproximadamente 300 gramas para ser enviada o quanto antes para um laboratório idôneo.
Figura 6 – Mistura das amostras simples para formar a amostra composta a ser enviada ao laboratório.
Essa amostra que será encaminhada ao laboratório para análise é chamada de amostra composta e corresponde à mistura de todas as amostras simples retiradas na mesma profundidade e na mesma área de pastagem
A amostra composta de solo tem que ser devidamente identificada quanto à origem e datada, utilizando-se etiquetas ou outras formas de identificação das amostras que sejam resistentes à umidade.
Quais análises devem ser feitas na amostra de solo?
Sugiro que, além da análise química de rotina do solo, também seja realizada a análise dos teores de matéria orgânica, fósforo remanescente e enxofre para qualquer pastagem que se queira realizar a adubação. No caso das pastagens manejadas de forma mais intensiva, com elevada taxa de lotação na época das águas, também recomendo a análise dos teores de micronutrientes.
Além da análise química, também é recomendável fazer a análise textural do solo para saber os teores de argila, silte e areia. Essa análise textural pode ser feita apenas no início dos trabalhos de melhoria da fertilidade do solo da pastagem, porque a textura do solo não modifica significativamente com o tempo de uso e o manejo da pastagem.
De quanto em quanto tempo devo fazer a amostragem do solo?
A amostragem de solo em pastagens manejadas de forma intensiva, isto é, com alta taxa de lotação (> 4,0 UA ha-1) deve ser realizada anualmente, no final da estação de crescimento dos capins (final do período das águas), de maneira a permitir o planejamento da compra dos adubos que serão usados durante o próximo período das águas.
Já em uma pastagem manejada com baixa taxa de lotação (< 1,5 UA ha-1 na época das águas), a frequência de amostragem do solo pode ser menor, a cada 3 anos. Porém, em caso de suspeita de alguma deficiência mineral no pasto, o procedimento de amostragem do solo deve ser antecipado.
Observações importantes:
Algumas últimas recomendações importantes sobre a análise do solo são: